terça-feira, 31 de março de 2009

Entrevista Beto Bruno Cachorro Grande


Ola pessoal..segue ai uma otima entrevista com o vocalista da banda Gaúcha Cachorro Grande feita pela equipe do jornal Imprensa do Povo onde trabalho...abraços
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Vida e Carreira
O gaúcho de Passo Fundo, Roberto Bruno da Silva Giusti, mais conhecido como Beto Bruno, tem 35 anos, é casado há três meses e tem uma filha chamada Ana Carolina Batista Giusti. Hoje, divide seu tempo entre Porto Alegre e São Paulo. Mora na capital paulista, mas sempre que pode descansar volta ao Rio Grande do Sul.

Como você analisa este momento de sua carreira?
Eu nunca parei para pensar ou fazer uma avaliação da minha carreira. A banda está completando dez anos. Se eu soubesse, há dez anos, que eu ainda estaria em cima do palco com esses caras e lançando discos ainda, eu já me sentiria realizado. Todo dia quando acordo, parece que tem um presente me esperando, tudo que eu quis está se realizando. Mas ainda não está do jeito que eu quero. Gosto de dizer isso para não nos acomodarmos, eu quero sempre mais e se hoje está bom, amanhã pode ficar melhor.

Como decidiu seguir a carreira musical? Foi influenciado pela família?
Minha família sempre deu o maior apoio em relação a minha carreira, sempre soube que eu queria ser músico. O meu pai era produtor musical nos anos 60 e 70.

Como vocês se encontraram e decidiram formar a banda?
Eu e o Gross, que é o guitarrista, somos fãs dos Beatles desde pequenos e sempre dizíamos que formaríamos uma banda, era um sonho nosso. Sempre dizíamos que seriamos famosos como os Beatles, igual toda banda verdadeira. Éramos e ainda somos dois caras apaixonados por música. Encontramos outros três que tinham a mesma idéia maluca na cabeça, e aí não tinha coisa melhor para acontecer se não montar uma banda.

O que você pensa sobre a cena musical do Brasil atualmente?
Vejo que não é diferente dos anos 60, 70, 80 ou 90. Existem muitas coisas verdadeiras na cena musical brasileira, que conseguem fazer com que o rock tenha uma certa relevância no país. Bandas tipo a Cachorro Grande, a Casca Dura, de Salvador, algumas bandas de Curitiba e São Paulo, são bandas que elevam o nível do rock a um patamar verdadeiro, realmente são crianças que se apaixonaram por música antes de se apaixonar pela vida do rock. Vejo que existem bandas hoje, que se preocupam mais com as roupas bacanas, quanto vão ganhar financeiramente, se vão sair na mídia e deixam a música em segundo plano. Nessa cena, continua tendo muita banda falsa, mas o público não é burro. É por isso que nesses dez anos, a nossa banda continua tocando em casas pequenas, como em Pinhalzinho. Eu nunca quero perder a aproximação de tocar em casas pequenas, de tocar na cara do nosso público e fazer também festivais maiores, mas não por dinheiro. O cenário brasileiro carece cada vez mais de bandas verdadeiras.

Quais são seus planos para o futuro?
Continuar com esses quatro anjos que são meus colegas de banda e que Deus trouxe para mim em cima do palco. É isso que eu espero que aconteça, não existe outra coisa para eu fazer.

Quando a música começou a ter importância na sua vida?
No Natal de 1984 eu fiz dez anos e o meu pai me presenteou com um álbum dos Beatles com a música “A Hard Dey's Night”. Eu ouvi falar dos Beatles antes de ouvir falar em rock n'roll e ouvi falar de rock antes de ouvir falar em música, e é por causa deles que estou nessa carreira hoje.

Você já se imaginou exercendo outra profissão?
Já me imaginei sendo produtor musical. Recebo muitos convites para produzir para outras bandas em estúdio e as vezes eu ajudo as bandas gravar, e cada vez mais estamos produzindo nossos próprios álbuns sem produtor intermediário. Me vejo produzindo bandas em estúdio, se conseguir conciliar com o trabalho da Cachorro Grande, logicamente.

Qual sua música preferida?
A música que eu amo e que considero mais importante na história da música popular é “Strawberry Fields Forever” dos Beatles, a partir desse trabalho deles a música foi elevada à arte, até então o mundo era preto e branco. E a música da Banda Cachorro Grande que significa a nossa existência é “Roda Gigante”.

Você curte outros ritmos musicais?
Gosto de todos os ritmos musicais que sejam de raiz.

O que é rock n'roll para você?
Rock n'roll é a libertação. É a coisa mais forte do século passado e está sobrevivendo a este século. É a música mais universal e cosmopolita que existe no mundo e que ainda vem quebrando barreiras e mudando a vida das pessoas. Rock n'roll veio para juntar os povos. É nada mais do que branco dançando e cantando música de negro. O que a gente está fazendo tem e sempre teve uma mensagem, não cantamos em vão.

Por viajar bastante, conhecer cidades, lugares e culturas diferentes, tem alguma cidade que lhe marcou e que você lembra com freqüência?
São Paulo me marcou desde o início porque nos recebeu como se fossemos uma banda paulista. Até o reconhecimento que a gente tem hoje no Sul, veio a partir do nosso reconhecimento em São Paulo. Em Porto Alegre não fomos reconhecidos no início, hoje eles nos valorizam devido ao reconhecimento que temos no restante do país.

Como você avalia a recepção do rock no Estado catarinense?
No litoral simplesmente não existe, os praianos levam a vida em um outro ritmo. Mas aqui, no Oeste, tocamos desde o nosso primeiro disco e voltamos pelo menos duas vezes por ano. Acho que nessa região tem roqueiros super ortodoxos, é incrível. Eu fico feliz com isso, em ver que o rock é bem recebido pelo público dessa região do Estado.

Como é o seu dia-a-dia? Quando são os momentos de descanso?
Levo uma vida normal, mas não há como conciliar o trabalho com a família. Sempre que há um momento para descansar eu vou ao Rio Grande do Sul. Divido a minha vida ente Porto Alegre e São Paulo, passo aproximadamente 70% do tempo em São Paulo e 30 % em Porto Alegre.

O que recomenda aos jovens que querem entrar no mercado da música?
Que continuem estudando, fazendo suas faculdades e não cometam a loucura de montar banda de rock, porque nós estamos no Brasil, país do samba e que agora está explodindo a música sertaneja, que serão taxados, assim como nós somos, de loucos.

Em relação ao sucesso da banda. Como você avalia a evolução musical? Você tem receio do sucesso chegar ao fim?
Não tenho receio do sucesso chegar ao fim. Eu estou preocupado com a musicalidade, se conseguirmos fazer um disco melhor que o outro, um disco diferente do outro, nunca vamos decair. Temos um público formado e estamos subindo um degrau por vez. Bandas que sobem muito rápido também caem rápido. Nos dez anos da Cachorro Grande, nunca foi tão legal, a gente nunca se deu tão bem, eu não sinto saudades do início.

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